Mais de 150 pessoas participaram do Seminário Municipal de Enfrentamento ao Trabalho Infantil em Sapé, realizado na última quinta-feira. Durante o evento, representantes de órgãos públicos, entre os quais o prefeito do município João Clemente, e de entidades não-governamentais, participaram de palestras e debateram propostas para a composição do Plano Municipal de Enfrentamento ao Trabalho Infantil e constituição de uma rede permanente de defesa de políticas públicas e proteção à criança e ao adolescentes.
Mesa do evento (acima) e público (abaixo)
Na abertura do Seminário, a fala do representante do Petir em Sapé, Jailton Ferreira deu a dimensão da problemática do trabalho infantil no município:"Na feira é onde está o maior número de crianças trabalhando. Meninas de 10, 11 anos faltam aulas, deixam a escola para ir trabalhar em 'casas de família'. Muitos pais dizem: 'é melhor minha filha trabalhar do que estar se prostituindo'. Mas nós vemos que é o contrário, muitas começam a se prostituir através do trabalho infantil".
O prefeito de Sapé admitiu que "é preciso tratar deste assunto com mais firmeza" e garantiu que o governo municipal está se empenhando no enfrentamento ao trabalho infantil. "O que a gente tem feito é potencializar a ação do Peti e buscado melhorar as escolas. Antes da nossa gestão, havia apenas 71 alunos na faixa etária de 3 anos e 8 meses na Escola. Agora já temos cerca de mil alunos no Ensino Infantil, que conta com uma sala de aula em cada das 42 escolas de Sapé", contou João Clemente.
O seminário contou com palestras de defensora pública Klébia Borba, Profª Terçália Suassuna (UEPB), Senharinha Soares (FEPETI), Manoel Campos (SRTE) e Viviane Carvalho (Peti/SEDH). O Seminário foi o 2º de uma série de quatro eventos que integram a Campanha de Enfrentamento ao Trabalho Infantil, realizada pelo Petir. O evento contou com as seguintes parcerias: Prefeitura de Sapé - Secretarias de Educação e Promoção Social, Conselho Tutelar, Conselho Municipal de Direitos da Criança e Adolescente (CMDCA), Ministério Público, Fepeti e Concern-Universal.
Peça ajuda adultos e crianças a refletir sobre o Trabalho Infantil
Um dos destaques do Seminário foi a apresentação da esquete teatral "Os feirantes", de autoria de Rosa de Lima, apresentada pela Companhia Lua Crescente. O texto se passa na feira, onde a pobreza e a falta de perspectivas perpetuam o ciclo do trabalho infantil. Após a apresentação para os adultos do Seminário, foi a vez de 116 crianças e adolescentes da Escola Municipal de Ensino Infantil e Fundamental Orlando Soares de Oliveira assisterem à peça.
Crianças e adultos assistem esquete
Na escola, são comuns casos de trabalho infantil doméstico, na feira livre da cidade e na mendicância, segundo a diretora Geísa Ramalho.
"A gente percebe que as crianças ficam mais dispersas, o rendimento escolar cai. No ano passado houve, inclusive, um caso de reprovação. A menina, que era boa aluna, começou a ter dificuldades. Depois descobrimos que ela estava tomando conta dos irmãos. Este ano a colocamos no horário oposto aos dos irmãos para que tivesse tempo de estudar. A mãe questionou, mas já estamos vendo melhora no rendimento da criança"
No comments:
Post a Comment